"Não posso nem sair do X que me deduram", diz Alexandre de Moraes em tom de brincadeira
"Não posso nem sair do X que me deduram", disse o ministro em tom de brincadeira.
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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, brincou sobre a repercussão de sua decisão de deixar o X (antigo Twitter) durante uma aula magna na faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) nesta última segunda-feira (24). “Não posso nem sair do X que me deduram”, disse o ministro em tom de brincadeira.
A nota do Supremo Tribunal Federal afirmou que o magistrado não utilizava a conta desde janeiro de 2024, por isso decidiu desativá-la. No entanto, o ministro usou a oportunidade para discutir sobre a crise da democracia e o papel das big techs em apoiar grupos de extrema direita.
Moraes questionou como as redes sociais puderam se transformar em instrumentos de uma ideologia nefasta como o fascismo. “Só agora o mundo vem percebendo como foi o encadeamento desse procedimento, de transformar as redes sociais em instrumentos de uma ideologia nefasta que é o fascismo”, disse. Ele argumenta que a democracia “falhou por possibilitar o surgimento” do novo populismo digital extremista.
O ministro definiu o novo populismo digital extremista como um movimento que se utiliza das redes sociais para uma doutrinação em massa. Ele afirmou que, atualmente, o discurso do “tio do churrasco” surgiu como revolta contra determinadas crises econômicas em diversos locais do planeta. “Esse retorno, ao discurso, que antes se brincava, é o discurso do tio do churrasco, hoje é o discurso de 20% da Alemanha, de muito mais por cento no Brasil”, ressaltou.
Moraes argumentou que a democracia não conseguiu solucionar a concentração de renda, o que ajudou a trazer força aos discursos extremistas. “Maioria dos seres humanos precisa culpar alguém pelos seus problemas, começou o discurso de que: ah, eu só estou nessa situação econômica porque tem muito estrangeiro, é o discurso europeu, o fascismo, a extrema direita recuperando o terreno eleitoral”, pontuou.
O ministro afirmou que as big techs captaram o sentimento de revolta e o transformaram em um mecanismo de doutrinação em massa. “Isso é importante de ter em mente, não foram as big techs, as redes sociais que geraram esse sentimento, não, souberam captar e a partir dessa captação, conseguiram transformar um instrumento de defesa da democracia, da liberdade de reunião, da liberdade de expressão, conseguiram transformar num mecanismo de doutrinação em massa”, completou.
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