Investigação sobre ‘Rei do Lixo’ tira sono de parlamentares suspeitos
A expectativa entre investigadores e políticos é que a perícia desse material revele detalhes do esquema, possivelmente implicando um número maior de parlamentares do que o inicialmente identificado.
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Por Redação – de Brasília
As investigação sobre o desvio de emendas parlamentares que têm o empresário José Marcos de Moura, conhecido como ‘Rei do Lixo’, passam a perturbar o sono de parlamentares suspeitos desde que chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF), no fim do mês passado. Os políticos citados são todos de partidos do chamado ‘Centrão’, liderado por deputados como o ex-presidente da Casa, Arthur Lira, e o atual presidente do Senado, Davi Alcolumbre (UB-AP)
O caso, segundo apurou a colunista Malu Gaspar, do diário conservador carioca O Globo, “paira como uma sombra” sobre o Congresso. A ‘Operação Overclean’, da Polícia Federal (PF), já apreendeu 144 dispositivos eletrônicos, entre celulares, HDs, pen drives e computadores, cujo conteúdo não foi ainda revelado.
A expectativa entre investigadores e políticos é que a perícia desse material revele detalhes do esquema, possivelmente implicando um número maior de parlamentares do que o inicialmente identificado. Até o momento, apenas o deputado Elmar Nascimento (UB-BA) foi citado.
Obras fantasmas
Assim que surgiu o nome de Nascimento, as apurações foram suspensas e o caso encaminhado ao STF. O parlamentar baiano está envolvido com a quadrilha suspeita de desviar R$ 1,4 bilhão em verbas de emendas parlamentares destinadas a obras fantasmas, ao Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS).
O esquema também inclui a lavagem de dinheiro por meio de contratos fraudulentos. Agora, a continuidade das investigações depende do ministro Kassio Nunes Marques, relator do caso no Supremo, o que gera apreensão no Congresso, por mais que o magistrado tenha sido indicado ao cargo pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O empresário José Marcos de Moura, apontado como operador influente dentro do União Brasil — partido de Davi Alcolumbre (AP) —, teve quatro celulares, dois notebooks e dois tablets apreendidos. Empresas investigadas no esquema, incluindo a MM Limpeza Urbana, de sua propriedade, também foram alvo da operação, com a apreensão de diversos computadores, HDs e documentos financeiros.
Delação
Outras empresas envolvidas são a dedetizadora Larclean Saúde Ambiental, as administradoras FAP Participações e A&F Participações e a construtora Qualymulti Serviços. Além do material digital, a PF confiscou veículos de luxo, joias, roupas de grife e grande quantidade de dinheiro em espécie, tanto em reais quanto em moedas estrangeiras.
A prisão de Moura e outros envolvidos, em dezembro último, causou temor entre parlamentares, diante da possibilidade de uma delação premiada que exponha políticos beneficiados pelo esquema. Moura, que integrava a Executiva Nacional do União Brasil, tem relações estreitas com Antonio Rueda, dirigente nacional da legenda, e com ACM Neto, ex-prefeito de Salvador e influente no partido.
A desembargadora Danielle Maranhão, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, porém, determinou a soltura do empresário e seus cúmplices pouco mais de uma semana após a prisão. Ainda assim, o avanço das investigações continua a gerar apreensão no Congresso.
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