O pastor Oliver Costa Goiano, coordenador do Núcleo Nacional dos Evangélicos do PT, afirmou que a esquerda precisa rever sua relação com o público evangélico se quiser ampliar sua base social e vencer eleições. Segundo ele, o partido tem errado ao não dialogar com esse segmento e insiste em tratar com descaso o valor simbólico e social das igrejas.

 "É um erro quando a esquerda zomba dos cultos evangélicos. Há uma ideia errada em achar que o evangélico é manipulável", disse. "A igreja evangélica é um ator importantíssimo. O país é evangélico em termos de engajamento."

Goiano diz que "o futuro do PT depende das igrejas evangélicas", pois na sua avaliação, "não existe no Brasil uma instituição mais poderosa hoje."

Para o pastor, o PT precisa investir em uma comunicação mais próxima da realidade dos fiéis, abandonando o que chama de "pânico moral" e apostando na presença de Lula ao lado de pastores:

"Lula precisa tirar fotos com pastores, fazer vídeos com pastores. A igreja evangélica tem capilaridade, chega onde o Estado não chega."

Goiano avalia que, embora o núcleo evangélico do partido ainda enfrente resistência interna, tem conseguido avanços importantes. O objetivo para 2026 é claro: ampliar em ao menos 10% os votos de evangélicos no presidente Lula, caso ele dispute a reeleição.

Além disso, o pastor defende a formação de candidaturas evangélicas de esquerda em todo o país. "Se cada cidade lançar um pastor pelo PT, conseguimos furar a bolha. Ele ganhando ou não, fortalece o debate."

Sobre temas como aborto, drogas e identidade de gênero, ele acredita ser necessário uma revisão, sem abrir mão dos direitos, mas com sensibilidade ao conservadorismo popular. Goiano também aponta a segurança pública como uma área estratégica onde as igrejas devem atuar em parceria com o Estado.

"Onde a polícia não entra, o pastor entra. É ele que o jovem com fuzil na mão respeita. Precisamos de um projeto de segurança pública com participação das igrejas evangélicas."