Fonte: Estadão

“O programa do PSOL fundacional é quase que única e exclusivamente uma análise de conjuntura da época, que teve seu valor para a fase inicial do partido, de consolidação, nacionalização, mas hoje é absolutamente insuficiente, assim como, de maneira geral, é o programa da esquerda brasileira”, diz o texto enviado pelo partido ao Estadão.

Campanha de Guilherme Boulos, do PSOL, à Prefeitura de São Paulo no ano passado Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A atualização envolverá seminários em diferentes Estados e um canal digital para que filiados possam enviar sugestões. “Esse processo será participativo, regionalizado, em todo território nacional, e precisa ser assim, aberto, democrático e permeável, sobretudo às novas gerações de filiados e militantes do PSOL.”

De acordo com o partido, com as transformações da sociedade, temas como agenda ambiental, questões identitárias e demanda pela redução das jornadas e escalas de trabalho ganharam relevância. Além disso, pautas como regulação de redes sociais e inteligência artificial não estavam no debate político na época e agora precisam ser levadas em conta.

O programa atual ainda menciona temas defasados, como a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), abandonada há anos, e a reforma da Previdência, já aprovada pelo Congresso.

A reformulação já estava prevista desde outubro de 2023, quando houve uma mudança no comando do partido. Em entrevista à Folha de São Paulo, Paula Coradi, presidente do PSOL, negou que a decisão tenha relação com os resultados da eleição municipal de 2024, em que o PSOL não conseguiu eleger prefeitos em São Paulo e Belém.

Mesmo assim, alguns dirigentes avaliam que a falta de atualização deixou o partido vulnerável a ataques de adversários, especialmente pela imagem de radicalismo associada à sigla. Coradi, contudo, reforçou que a identidade socialista do PSOL será mantida.